Não nos deixemos levar pelo tom bufão pois a tragédia avizinha-se. Num galinheiro fechado um grupo de aves tem de decidir como sobreviver em comunidade e montar uma frente unida contra os seus opressores que os mantêm encerrados. Com o tempo surgem as profundas suspeitas de alguns habitantes do galinheiro em relação a outros e uma luta caótica pelo poder, não menos reprovável que a situação opressiva imposta às aves pelos humanos que os encerram.
O Último Galinheiro, de um dos mais referenciados dramaturgos espanhóis, é um estudo penetrante da sociedade fascista e das estratégias cruéis de que se serve qualquer sistema político autoritário, apresentado como uma fábula de animais, com grande violência física e verbal, que expõe o conflito entre os que pretendem uma libertação do indivíduo contra os que, por interesses pessoais e económicos, tentam explorar e escravizar.