Câmara Municipal e associações de pais e encarregados de educação de Setúbal partilharam, no dia 2, impressões sobre as principais carências da comunidade escolar, numa reunião periódica em que a autarquia promove a aproximação para perceber as necessidades sentidas pelos alunos.
A vice-presidente Carla Guerreiro, que conduziu a reunião, realizada no dia 2, na Casa da Baía, recordou que o estado de conservação dos novos edifícios sob gestão municipal, um total de sete, dos 2.º e 3.º ciclos e do secundário, exige obras de várias dezenas de milhões de euros.
“Nas escolas que vieram agora para a Câmara, as situações são mais complicadas [do que nas de 1.º ciclo, com gestão municipal há vários anos]. Estamos a falar de obras muito grandes, de total requalificação, nomeadamente na Secundária de Bocage, nas básicas de Aranguez, de Azeitão e Barbosa du Bocage, e que estimamos que tenha um valor de 35 milhões de euros.”
A autarca, juntamente com técnicos municipais e representantes de cada junta de freguesia, tomaram conhecimento das principais preocupações sentidas pelos alunos e respetivas famílias, na sequência da recolha de informação obtida num périplo que efetuou a todos os estabelecimentos de ensino do concelho.
Carla Guerreiro apresentou um balanço de como a Câmara Municipal está a gerir a generalidade dos setores relacionados com a Educação, como assistentes operacionais e técnicos, realização de pequenas reparações, a cargo das juntas de freguesia devido a delegação de competências, e de intervenções de maior dimensão, da responsabilidade do município, o serviço de refeições escolares e até a oferta de atividades de complemento curricular dinamizadas com as próprias associações de pais.
“Com a transferência de competências do Governo, recebemos na Câmara mais 532 trabalhadores, assistentes operacionais. Desde então, já tivemos necessidades de contratar mais 34 pessoas. Também temos os assistentes técnicos, que agora também pertencem à Câmara Municipal e são 96 pessoas. É só para terem uma noção do que, desde abril, a Câmara teve de responder e que antigamente não respondia.”
A autarca acrescentou que o município ficou também responsável por todas as refeições escolares, partilhando “com satisfação que se tem registado um aumento de alunos nos refeitórios”.
Carla Guerreiro identifica, ainda, como uma das situações a resolver no concelho de Setúbal, o facto de “muitos meninos não terem uma oportunidade de ter uma verdadeira escola a tempo inteiro, porque existem ainda alguns regimes duplos”.
Por este motivo, a vice-presidente adiantou que a Câmara Municipal já lançou um concurso para a construção de um novo estabelecimento de ensino, destinado a resolver a situação de regimes duplos que se verifica na Escola Básica das Amoreiras.
“Acabar com os regimes duplos e reforçar mais pré-escolar. São objetivos claros da Câmara. Atualmente, na educação pré-escolar, só se consegue chegar a cerca de mil alunos, aproximadamente 30 por cento das necessidades. É pouco ainda”, sublinhou Carla Guerreiro.
A autarquia planeia ainda a ampliação da Escola Básica de Vila Nogueira e identificou junto do Governo “a necessidade de implementar uma solução de ensino secundário em Azeitão, o que fará com que todas as outras escolas [em Setúbal], ao deixarem de ter os alunos de Azeitão, também fiquem com mais capacidade”.
No encontro, que contou com a participação de perto de duas dezenas de associações de pais e encarregados de educação do concelho, a presidente da Junta de Freguesia do Sado, Marlene Caetano, valorizou a troca de impressões entre autarquias e associações que esta solução proporciona, estratégia que, segundo o autarca da freguesia de São Sebastião, Nuno Costa, resulta num “contacto direto do qual só podem resultar bons frutos”.
Trata-se de “um trabalho de proximidade”, destacado igualmente pela presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Sónia Paulo, que apresenta resultados efetivos, o que, na ótica da representante da União das Freguesias de Setúbal, Fátima Silveirinha, se tem traduzido “no alcance de respostas no terreno já desde a realização da primeira reunião”, realizada em outubro.
João Carrasquinho, em representação da Junta de Freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra, acrescentou, ainda, que este tipo de encontros permite a autarcas e técnicos das autarquias “perceber situações que, de outra forma, não se teria conhecimento”.
A reunião, a segunda desde que a Câmara Municipal deu início, no final do ano passado, a uma periodicidade regular de encontros, contou também com a participação da COSAP – Federação Concelhia de Setúbal das Associações de Pais.